Juízo do Juiz

7/01/2007

There The gloaming There

Abriu-lhe a porta com Aquele sorriso, pele morena. “Não esperava que viesses”, disse por entre uma gargalhada meio surpreendida. Sabia que éramos acidentes à espera de acontecer – There There.

***
A manhã tinha acordado há um casal de horas, seguia na estrada embriagado na música, atrás dos pontos negros que se deslocavam no céu, em v, atrás de cornucópias leitosas de um rosa desbotado, que o levavam até lá.
“Um oásis no meio da cidade”, dissera-lhe ela.
Palmeiras verdes brilhavam por entre os prédios, é ali, sentiu. O coração tocava em contratempos de jazz, havia apenas uma simples distancia temporal que as afastava, que estava prestes a ser quebrada, tal como as regras, naquela tarde de princípio de verão.

***
Onde um corpo terminava o outro começava, e a respiração fazia as paredes dobrarem-se – The gloaming.
Sem forças arrastou-se para um saboroso e merecido cigarro, tinha-se feito arte naquela noite, natureza morta com um pica-pau, como alguém um dia lhe tinha ensinado.
De regresso ao deserto incerto, da mente, do corpo, dos dois, de nenhum, um pensamento encheu-lhe o espírito, aquele velho ditado, acabas sempre por matar aquele que amas, reparou, funciona nos dois sentidos – Mr. Chuck, em grande, tinha-lhe ensinado isso…
Sobras azuis e vermelhas, o teu alarme toca e as paredes dobram com a tua respiração, mas lá por o sentires não quer dizer que esteja realmente lá – The Gloaming, There There…