Juízo do Juiz

12/14/2006

Black Dahlia

De que vale um beijo teu se não é para sempre?
Para quê te beijar se não posso dizer ao mundo que és minha...para sempre?

Um dia vou-te levar e tu vais ver, que o que queres é o que eu sempre te disse, e tu sorrias. O teu riso era de certeza, mesmo sem o saberes, e no fim ias "ser tu e um homem como tu, como eu não fui...". Eu quero ir, eu estou aqui! Abre o vinho da solidão e bebe-o em silêncio, na companhia da ingratidão, mas depois não digas que eu não te avisei, porque eu odeio dizer(te) "eu bem te disse...".

O sol nasceu e lá estávamos nós...não resisti e tive mesmo que te dizer "eu bem te disse", apesar de to odiar dizer. Ficamos na cama, nus, abraçados, para nos aquecermos mutuamente, que la fora estava um frio ao qual não estavamos habituados. No chão, os restos da noite, a garrafa de vinho da alucinação, e delirámos em conjunto.

Quando me levantei da cama era noite e tu não estavas. Nunca o sol tinha nascido nem tu tinhas lá estado. O rótulo do vinho dizia "solidão", mas quem o bebeu foste tu. Em teu lugar não havia nada, apesar de saber que alguém o tinha ocupado, mas não tinhas sido tu.

Saí para a rua, e o sol fazia-me franzir os olhos. À minha volta não havia nada, só um tom de amarelo torrado, mas eu sabia que no horizonte ia-te encontrar, por isso caminhei. Cheguei lá 23 dias depois, e lá estavas tu, nua, esperando por mim. Ia ser a primeira vez, e era como se fosse mesmo "A" primeira vez.

Sentado no sofá vermelho abri o vinho encarnado escuro. Ainda faltavam 20 dias, mas o vinho fez o sol nascer 7 vezes numa só!