O Erro do Cisne

Estive a pensar a que serve isto tudo. Nao serve. Nao sou pessimista. Mas a verdade è que a unica coisa que interessa no mundo è o sexo. Viram? Nao sou pessimista.
O homem tem o fato e a gravata, n lavou os sovacos porque tinha pressa p chegar a reuniao, corre na direcçao do mercedes descapotavel, com uma mao carrega no botao para abrir o carro e com a outra marca o numero da pessoa com quem vai ter reuniao a seguir a essa... Parece um gajo serio. Parece melhor do que algem, nalguns sentidos. Melhor do que muitos, nalguns casos. Porque pensa na carreira, no futuro, e sabe fazer dinheiro. Soube enfiar-se no buraco certo. Vida sentimental? Nao nos perguntamos sobre isso quando olhamos para um homem assim. Mas tudo o que ele faz è para satisfazer o seu primitivo e subconsciente desejo de sobressair no meio dos outros e ser escolhido pela femea. Talvez depois nem ia ter tempo para a femea, mas se nao houvesse uma ipotetica teorica ideia de femea, ele n faria nada disso. Nos nao podemos imaginar, porque a femea està em todos. (em mim està o macho, menos vezes do que eu gostava...)
E' como a cenoura pendurada num fio de pesca a frente do burro para ele continuar a correr. Sò que a gente jà nao se lembra disso. Como os pavoes que abrem a cauda. Como os leoes que combatem. Como os peixes que dançam. Nos nao nos lembramos disso, e por isso somos infelizes. Nao sabemos para onde è que estamos a correr, e entao estamos sempre fudidos. E quando acontece a ocasiao fisica de surpreender o sexo oposto, de subressair, nos parece que è um acontecimento isolado, que existe por si sò, e cujos objectivos sao limitados ao momento. E' tudo mentira. Andamos a dançar, a abrir e a abanar a cauda todo o tempo. Na verdade è tudo sò para um especifico momento. Queremos roupa p brilhar, se a queremos feia, è para brilhar de forma feia. Queremos dinheiro para comprar. Queremos comprar para brilhar ainda. Para enriquecer a nossa imagem com objectos estranhos que chamem a atençao. Queremos mexer-nos, queremos preparar-nos sempre para qualquer coisa. Nao vale a pena estudar, trabalhar, vestir, comprar. Devia-se criar uma sociedade universal anarquica que se baseasse numa distribuiçao regulada de taloes para serem trocados em "copula". Qualquer coisa que tenha a ver com creditos. Deixiemos de estudar, trabalhar, vestir e comprar. Se cada pessoa soubesse que em qualquer momento, em qualquer lugar no mundo tem garantida a disponibilidade sexual total e espontaea da parte de quem quiser, deixaria. Deixaria de trabalhar, estudar, vestir e comprar. Iamos voltar ao mais normal que se pode ser. Iamos lembrar-nos porque andamos a perder tempo nos ultimos milenios e iamos contar isso aos nossos filhos, ou os que forem.
E voltando ao National Geografic... ha o cisne. O erro di cisne, calmo feliz (?) e eternamente fiel. Comovedor. Acho que o canto do cisne tem qualquer coisa a ver com a consciencia de nao ter comido o suficiente quando se podia.